O ex-ministro dos Transportes Antonio Carlos Rodrigues, presidente nacional do Partido da República (PR), se entregou ontem à Polícia Federal (PF) em Brasília. Ele se apresentou no fim da tarde e passou a noite em cela da superintendência da PF.
A PF considerava Rodrigues foragido há uma semana. A ordem de prisão do ex-ministro do segundo governo de Dilma Rousseff foi expedida pela Justiça Eleitoral de Campos dos Goytacazes (RJ), na mesma operação que prendeu os exgovernadores do Rio Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, ambos do PR. Rodrigues é primeiro suplente da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP).
O ex-ministro é suspeito de corrupção, extorsão, participação em organização criminosa e falsidade ideológica na prestação de contas eleitorais. Rodrigues teria intermediado propina para a campanha de Garotinho na disputa pelo governo do Rio em 2014, segundo o Ministério Público do Rio. A acusação tem como base a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F, e do executivo do grupo Ricardo Saud. PRESSÃO POR R$ 4 MILHÕES Garotinho teria pressionado o presidente do PR para que obtivesse com a J&F R$ 4 milhões. O valor seria usado na campanha. O grupo teria concordado com o pagamento de R$ 3 milhões em caixa dois. Para isso, um contrato de serviço foi celebrado de forma fictícia com empresa indicada pelo ex-governador, ainda conforme a acusação.
Rodrigues virou ministro dos Transportes em janeiro de 2015. Foi vereador de São Paulo por quatro mandatos, três deles consecutivos. Em 2010, virou suplente de senador na chapa de Marta Suplicy. Ele exerceu o mandato de senador entre outubro de 2012 e novembro de 2014.
Na operação que prendeu os ex-governadores, a PF conseguiu cumprir apenas o mandado de busca e apreensão na casa do ex-ministro. Com o mandado de prisão em aberto, ele foi considerado foragido.
A defesa do presidente do PR emitiu nota na ocasião para dizer que ele “não se submeterá às mazelas e humilhações do cárcere porque confia que as instâncias superiores reverterão a arbitrária medida”.
Segundo um de seus advogados, Marcelo Bessa, o presidente do PR nunca esteve na condição de foragido:
— Nunca houve essa coisa de não se entregar. Foi uma questão de timing, mesmo. Agora é aguardar o julgamento do habeas corpus impetrado no Tribunal Superior Eleitoral.
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