O segundo turno das eleições municipais marca a quase aniquilação do Partido dos Trabalhores da cena política brasileira, numa derrocada, que como diria seu líder maior, o ex-presidente Lula, "nunca vista antes na história desse país". Lula gostava de pontuar com essa frase, de forma gongórica, os feitos dos seus dois governos e exaltar realizações que ele considerava marcadas pelo inedetismo e pela ousadia petista. Mas nunca foi bem assim. Nocauteado por vergonhosos escândalos de corrupção, como da Lava Jato que levou Lula a prisão, o PT apanhou feio das urnas e não tem nada para celebrar.
Desde a redemocratização do País, quando elegeu Maria Luiza Fontenelle em 1985 para a prefeitura de Fortaleza, o PT, pela primeira vez, não elege um, um sequer prefeito de capital. As derrotas de Marília Arraes em Recife e João Coser em Vitória soam como seu canto do cisne e um apagar de luzes.
O partido conseguiu ser rejeitado em 11, das 15 cidades em que disputou o segundo turno. Restaram as vitórias em Juiz de Fora e Contagem, em Minas Gerais, e Mauá e Diadema. Mas as perdas em cidades importantes como Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia, Santarém (PA), São Gonçalo (RJ), Caxias do Sul e Pelotas, no Rio Grande do Sul, Anápolis (GP), Cariacica (ES) e Guarulhos (SP) foram dolorosas e acenderam o vermelho, a cor tão cara a simbologia petista.
O partido encara a terra arrasada, na imensa ressaca pós-eleição eclipsado pelo PSOL no arco das esquerdas, com um desempenho agremiação nanica e fôlego de figurante. Resta esperar as próximas cenas, que prometem ser melancólicas.
Desde 2013, quando uma onda de manifestações levou às ruas a insatisfação dos brasileiros, o antipetismo começou a se moldar e inflar, sem que os dirigentes do partido se dessem conta. Vieram os escândalos de corrupção, a queda de Dilma e uma perda de força eleitoral que só se acentuou. O PT administra cada vez menos pessoas e tem menos influência nos destinos do país. Os companheiros sucumbem e a estrela tem um brilho opaco.
09/09 às 04h49
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