O número de multas pela falta de uso de cinto de segurança e de capacete dispararam na pandemia do novo coronavírus nas rodovias federais. Entre janeiro e novembro de 2020 — último mês de dados consolidados — as infrações aumentaram em 35,4% em comparação com o mesmo período de 2019, indo de 229.819 casos,para 311.275 no ano passado.
Na comparação entre o primeiro e o segundo trimestre de 2020, período pré-pandemia, também houve aumento: de 79.985 para 88.223 infrações (10,3%).
Particularidade nos dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal), enquanto as multas pelo não uso de cinto de segurança praticamente se mantiveram estáveis (alta de 0,1%), as infrações pelo ausência de capacete aceleraram em 60,9% a partir do segundo trimestre. De janeiro a março, foram 13.385 infrações pela falta do equipamento; já de abril a junho, esse número foi para 21.547.
Na comparação entre o segundo trimestre de 2020 com o mesmo recorte temporal de 2019, o total de multas aplicadas por não usar cinto e capacete avançou 57%.
Vale lembrar que não usar cinto de segurança é considerado uma infração grave, com multa de R$ 195 e até cinco pontos na CNH (Carteira Nacional Habilitação).
Já o motociclista que não estiver usando capacete está cometendo uma infração considerada gravíssima e recebe sete pontos, pode ter a habilitação apreendida e o direito de dirigir suspenso. A multa é de R$ 293,47.
Problema na formação
Para José Aurelio Ramalho, diretor presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, muitos dos problemas constatados no trânsito têm origem ainda na autoescola, no momento de tirar a carteira de habilitação.
"Infelizmente, quando os motoristas estão no processo [de formação], eles não são orientados da obrigatoriedade e a responsabilidade dele por todos os ocupantes do veículo", explica Ramalho. "Certamente, se houvesse essa orientação e fosse demonstrado a ele o risco que é andar uma pessoa solta no banco do passageiro, com certeza esse índice seria menor", analisa.
As infrações pela falta de uso de cinto de segurança aumentaram em 31,6% entre janeiro de novembro de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019. No ano retrasado, foram aplicadas um total de 187.197 multas; em 2020, esse número subiu para 246.435.
Para João Buzalski, especialista em segurança no trânsito, a disparada também está relacionada à pandemia. Segundo ele, para evitar o risco de contágio pela covid-19, muitos trabalhadores que optavam pelo transporte público voltaram para o carro particular.
"É até irônico, porque é uma ação que visa maior segurança, mas ao mesmo tempo, constatando esse aumento nas multas por não usar o cinto, é impossível que não tenha influência desse movimento de transição do transporte público para o particular", analisa Buzalski.
Para José Aurelio Ramalho, o fator pandemia também trouxe um aspecto cultural do brasileiro à tona: a irresponsabilidade.
"É um vírus que eu não vejo, então, por que eu tenho que manter distanciamento? Não vai acontecer comigo, eu devo usar máscara, mas por que? Então o cinto de segurança, por exemplo, no banco do passageiro, passa por essa mesma questão de cultura, porque não é uma coisa que eu consigo visualizar o risco, até que aconteça comigo", pontua o especialista em segurança viária.
Multas pelo não uso do capaceteO aumento no número de multas aplicadas pela falta de uso de capacete de segurança foi o mais significativo. De janeiro a novembro de 2020, foram constadadas 64.840 infrações; já no mesmo período de 2019, 42.622 multas acabaram anotadas. Isso representa um crescimento de 52,1%.
Para João Buzalski, especialista em segurança no trânsito, a alta nas infrações pela falta de uso de capacete tem muito a ver também com o crescimento no número de entregadores de aplicativos.
"A pandemia influencia nesse sentido. O risco de pegar a covid-19 mudou a maneira como brasileiro consome, então, o virtual está muito em alta e isso a gente vê claramente em serviços do tipo, que cresceram durante essa crise. Isso porque ele entrega a comida pronta e quentinha na sua casa. Portanto, temos mais motociclistas na rua para atender essa demanda e, naturalmente, as infrações aumentam", explica.
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